“Ex-brasileiros?”

Discussion in 'Brazil NSR' started by Century's Best, Aug 12, 2006.

  1. Century's Best

    Century's Best Member+

    Jul 29, 2003
    USA
    (I am going to write this in Portuguese - non-Brazilians, please understand. I am addressing other Brazilians here).

    Galera,

    Acho que todos nós já tivemos a (má) sorte de conhecer brasileiros que foram morar no exterior (e pra muita gente no Brasil, “exterior” = EUA). E depois de algum tempo se acham superiores e criticam o Brasil direto.

    Eu passei por isso uma vez, mas tinha apenas 13-14 anos. A idade e a vida me ensinaram muito sobre isso.

    Já vi garotas universitárias apenas com green card se achando americanas repudiando o Brasil, afirmando que nunca morariam no Brasil de novo. Já vi brasileiros nos EUA, sem documentos, que assi mesmo afirmam não querer morar no Brasil – mas não porque não gostam do Brasil, e sim porque acharam condições nos EUA que dizem ser impossíveis de ter no Brasil.

    O que despertou esta conversa foi o encontro com uma reportagem da revista IstoÉ. Coincidentemente, eu havia comprado esta edição, pois nessa época morava no Brasil.

    Para quem quiser ler, aqui está o URL: http://www.terra.com.br/istoe/capa/153424.htm

    O que, na sua opinião, faz esses brasileiros passar a repudiar a pátria?

    E nesta linha, outra discussão… vocês acham que brasileiros que saem para morar em outros países são “traidores” que preferiram fugir para outro lugar a fica em casa e lutar para que as coisas melhorem? Sei que é uma pergunta complicada, considerando-se que a imigração é algo antigo que e imigrantes em novos países sempre têm feito o possível para manter suas culturas e laços com os países natais (vide o “orgullo mexicano” durante as manifestações hispanas aqui nos EUA a favor dos imigrantes… as Chinatowns… os bairros judeus em Brooklyn… e também no Brasil: a Liberdade em SP; Santa Felicidade, reduto italiano em Curitiba; as concentrações alemãs no Rio Grande do Sul… etc.).
     
  2. V_Park

    V_Park Member

    Dec 20, 2004
    São Paulo, Brazil
    Club:
    Palmeiras Sao Paulo
    Nat'l Team:
    Korea Republic
    Acredito que a condição financeira, principalmente, é a causa desse repúdio. Você ganha maiores salários, mesmo com baixo nível educacional, em países como os EUA. Só pra se ter uma idéia, o número de desempregados formados em curso superior cresce no Brasil. Proporcionalmente, abaixam-se os salários de formados em faculdade. Acredito, também, que aqueles repudiadores se sentem superiores aos que continuam no Brasil e por isso criticam o país como um todo.

    Quanto a outra pergunta, não acho que quem sai do país é traidor. Acho que quem sai do país para buscar melhores condições de vida não estão errados. Afinal, precisamos nos sustentar de algum jeito digno. Se não conseguimos no nosso país, por que não tentar a sorte em outro país?
     
  3. Century's Best

    Century's Best Member+

    Jul 29, 2003
    USA
    Eu acho que os brasileiros que “repudiam” o Brasil não sempre tem raiva da terra natal. Pelo contrário, eles geralmente amam o Brasil. Apenas se revoltam, se decepcionam, que somente fora conseguiram o que queriam ter em casa mas não foram capazes de encontrar.

    Vejamos. Eu estive em Newark durante a Copa do Mundo. Para quem não conhece Newark, trata-se de uma cidade tipo “working class” (colarinho azul, não colarinho branco) que hoje possui uma grande colônia brasileira (tem também muita gente de Portugal e Espanha).

    Enquanto eu estava numa fila, com a camisa do Brasil, para entrar num restaurante para ver um dos jogos do Brasil, percebi uma garota de 20 ou 21 anos. Era loira, bonita, branca mesmo – podia ser americana. Mas era brasileira, e falou rindo para uma colega, “agora ninguém me segura… tenho green card… tenho um namorado americano.”

    Será que esta garota bonita viveu uma vida tão miserável no Brasil que só nos EUA foi conseguir algo decente? Difícil de dizer. Mas uma coisa é certa. Os brasileiros que eu vi em Newark não era gente que se consideraria rica ou de classe média alta no Brasil. Era gente de origem humilde que após muito esforço começou a viver decentemente aqui.

    Em contraparte, em qualquer país, os ricos e realmente bem de vida nunca imigram, porque não têm porque sair.

    Agora, sobre sentir-se superior… eu acho que muitas vezes não é sentir-se superior, mas não querer ser identificado com as coisas feias da terra natal que não existem na terra adotada. Eu certamente não me acho superior aos meus amigos que nunca saíram do Brasil. (Mas direi isso… já senti ressentimento e até ciúme de gente no Brasil. Isso aconteceu quando morei um tempinho nos anos 90 em SP. Na hora não sabia porque eram frios comigo, mas depois caiu a ficha.)

    Sem dúvida.

    E direi mais isto: eu já li na VEJA e na IstoÉ várias vezes cartas de brasileiros que moram no exterior lamentando a corrupção/violência/etc que aparecem nas reportagens. Eles freqüentemente dizem, “ainda bem que não estou aí.”

    Se eu estivesse morando no Brasil e topasse com um comentário desses, me sentiria ofendido. Mas conhecendo o ponto de vista do brasileiro que mora fora, entendo esse sentimento. Na minha opinião, não é necessariamente repúdio… e sim uma frustração. Pois todo mundo que conhece o Brasil sabe que trata-se de um lugar lindo com coisas boas sem fim (pastel, chope, picanha, feijoada, pão de queijo, contrafilé, mulher bonita, praias, gente simpática, etc etc etc). O que estraga é a sujeira no mundo politico, a criminalidade, etc., que frustra o povo e causa uma grande exaustão mental.

    É fácil afirmar, e não sem motivos, que quem fica e luta pra melhorar realmente é patriota. Mas às vezes eu penso se as coisas vão mudar, porque reformar a ponto de eliminar ou radicalmente reduzir esses problems precisaria de muitíssimo empenho e energia, e parece faltar isso.

    Portanto, fica mais fácil sair - por mais que a decisão de morar em outro país signifique a perda ao acesso das muitas coisas boas que o Brasil oferece.
     
  4. sidis

    sidis Member

    Jun 2, 2006
    Itaguaí-RJ - Brazil
    olha se voce parar e ver que muitos brasileiros só tiveram a oportunidade de ser gente quando foram para os exterior voce vai entender.

    eu tenho um amigo que sustenta a mãe doente que mora aqui no brasil com o salário que ganha no ******ão.
    minha cidade tem muitos imigrantes japoneses, a maioria deles voltou no ******ão e é um fato curioso, aqui eles se consideram japoneses e lá são tratados como brasileiros.

    abraços.
     
  5. Century's Best

    Century's Best Member+

    Jul 29, 2003
    USA
    Se eles se consideram japoneses no Brasil eh porque mesmo apos decadas de imigracao japonesa, muitos dos nipo-brasileiros tentam ainda manter a cultura, lingua, e identidade de seus ancestrais.

    Quanto ao fato de serem tratados como brasileiros no Japao, isso nao eh nada que surpreenda qualquer pessoa que tenha um minimo de familiariedade com a sociedade japonesa.
     
  6. sidis

    sidis Member

    Jun 2, 2006
    Itaguaí-RJ - Brazil
    sim eu conheço bem a sociedade japonesa, pelo menos a ponto de saber como eles tratam estrangeiros.

    mas é diferente, por exemplo italianos e alemães que vieram na mesma época e estão integrados a nossa sociedade em quase toda sua totalidade.

    voce não vai ouvir um brasileiro filho de italianos chamando o namorado da filha (os dois brasileiros) de estrangeiro;
    mas eu ja vi isso acontecer mais de uma vez na colonia japonesa da minha cidade.

    abraços.
     
  7. thetaylor310

    thetaylor310 Member

    Jul 30, 2004
    São Paulo-SP, BRASIL
    Club:
    Palmeiras Sao Paulo
    Nat'l Team:
    Brazil
    Oí gente!

    Desculpe, for i am re-learning português, so i cannot respond em português...

    In my heart, i feel like a "traidor" because although it was not my choice to leave Brasil for the US, i have almost forgotten our language and haven't really thought much about the country while i was living in the US. And just last February, i obtained American citizenship (again, not really my choice!)

    Fortunately, i still am considered a Brasilian citizen and that is precisely how i was able to come back into Brasil just three weeks ago. Now that i am actually back in the country that i was born, it actually feels good to be here!

    It's not just because of the great food or the fine ladies (although, it really helps!), but it's because it solves a question i have been asking pretty much all my life: "Where do i really belong"? To me, the answer seems clear: Brasil

    i am re-learning português through the help and patience of my school friends here in Paraná and i am slowly adopting back my mind to become more "brasileiro". Don't get me wrong; living in the US is great and i actually came from an area where it is always in the top 10 most safest cities in the US... but leaving all that and being here, it actually seems more like "home" to me

    It's weird because i am already in the process of obtaining a CPF number and i am going to update my carteira de identidade... and i have seriously been thinking almost everyday about leaving the US permanently and settling back here

    Pra vocês, i hope you can guide me and help me as well...

    One more side note before i shut my boca... while i was living in the US, i could not seem to play futebol naturally. i just plain sucked. But as soon as i started to play here... only just in five tries(!), i have become someone different on the field. Where as back in the US i would never venture forward to goal, i have been doing the exact opposite here in Brasil. i never quite understood the "Ginga" mini-films about that ginga em brasileiros, but it seems like i might be realising it within me myself! ;) It seems to me, it truly is a gift from God...

    So with that said in mind, i hope that i can wipe away that "traidor" name and be called "brasileiro"...

    Abraços

    Tchau gente!
     
  8. sidis

    sidis Member

    Jun 2, 2006
    Itaguaí-RJ - Brazil
    só uma pergunta, voce foi para os EUA com quantos anos?
     
  9. Brazil_1500

    Brazil_1500 Member

    Nov 3, 2003
    NY
    que Brasileira ridicula esse ai...
     
  10. neovox

    neovox Member

    Aug 21, 2003
    Sul do Brasil
    Pôxa, esse é um ótimo tópico para debater. :)

    Ficaria tudo mais fácil se houvesse um só Brasil.

    Há, é claro, uma só língua unificadora, o que é um quase-milagre em um país com a extensão territorial do nosso. Mas os sotaques, por assim dizer, ainda que de forma figurada, são muitos.

    A maneira de sentir, refletir e agir é bastante variada em cada uma das cinco grandes regiões do Brasil. E mesmo que haja o que se poderia chamar de herança cultural comum, que atropela fronteiras e invade diferentes Estados e regiões, a sensação pode ser bem estranha quando alguém do Norte, por exemplo, chega ao Sudeste.

    Penso muito, desde sempre, sobre o Brasil. Gosto de um jeito particular de, por assim dizer, "ouvir" o país. Basta prestar atenção ao modo como utilizamos o R.

    Há três gêneros claros de R em nosso Brasil.

    O mais conhecido é o afrancesado carioca, com suas variações mineira, capixaba, nordestina e nortista, além da catarinese, esta última influenciada pelos açorianos.

    Depois, há o R do Brasil caipira. Centro-Oeste, novamente um pedaço de Minas (mais ao Sul), interior de São Paulo, interior do Paraná e um bom pedaço do interior de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

    Por fim, sobra o R da cidade de São Paulo, de Curitiba e Sul do Paraná e de um grande pedaço do Oeste de Santa Catarina e de parte Centro-Sul do Rio Grande do Sul, incluindo a Serra.

    Há, é claro, outros modos de olhar e ouvir o Brasil. E cada um desses jeitos brasileiros influi na maneira como sentimos o nosso país.

    Há duas razões básicas para que um brasileiro emigre: para estudar ou trabalhar.

    As diferentes percepções sobre o Brasil começam, portanto, na fila do check-in. E ambas carregam muito dos conceitos e preconceitos de classe comuns em um país que, mesmo estando entre os três com maior mobilidade social no mundo (junto com EUA e Austrália), ainda sofre com a desigualdade social.

    Os que vão para estudar, geralmente o fazem por opção. O mesmo ocorre com a pequena parte dos que vão para trabalhar legalmente e levam suas famílias. Para esse grupo, que vê a própria saída como uma oportunidade positiva e se enxerga como aceito no país de destino, a perspectiva da volta é natural, mesmo que não venha a ocorrer ao longo dos anos.

    Já os que vão em busca de emprego pressionados pela falta de oportunidades no Brasil encontram uma situação adversa. Costumeiramente, emigram de forma ilegal, têm que lutar muito para permanecer no país de destino e, quando conseguem um lugar ao sol, obviamente se sentem gratos ao local que, bem ou mal, os abrigou.

    O mecanismo emocional que nos leva a defender nossas escolhas, tão importante para a formação da auto-imagem, funciona em ambos os casos. Mas, seguramente, é mais forte entre os que emigram por falta de opção aqui. E essa escolha gera, por vezes, uma reação emocional que envolve algo de repulsa pelo país de origem. Afinal, é preciso defender a escolha que se fez. E um modo clássico é repelir o que se deixou para trás.

    ...
     
  11. neovox

    neovox Member

    Aug 21, 2003
    Sul do Brasil
    ...

    Então, é possível notar padrões de comportamento motivados pelas razões que levaram os emigrantes a deixar o Brasil.

    Uma vez no exterior, a percepção sobre o Brasil começa a ser afetada por fatores como o tempo transcorrido desde a partida, a intensidade dos laços emocionais com o país de origem, a manutenção (ou não) dos relacionamentos deixados para trás, o sucesso obtido no destino, entre outros.

    As fontes de informação, assim, são muitas. E cada uma delas, incluindo o tratamento dado pela imprensa do país de destino a eventuais notícias sobre o país de origem, acabam por formar ou reformar a opinião dos emigrados sobre o Brasil.

    Eu noto, a partir de percepção pessoal sem fundamento estatístico, que a maior parte das opiniões negativas a respeito do Brasil parte de brasileiros que emigraram para os Estados Unidos.

    É preciso pensar mais sobre as razões para esse fato, caso minha percepção esteja correta. Os brasileiros que vivem nos EUA podem seguramente falar sobre isso com conhecimento de causa, porque têm a vantagem de conviver com outros brasileiros por lá e, assim, conhecer em primeira mão as suas opiniões.

    As críticas sobre o Brasil costumam estar corretas, no geral. O tom das críticas, contudo, é que varia.

    Eu, pessoalmente, não me importo em ver os problemas do meu país apontados por brasileiros que optaram por deixar o Brasil. Alguns desses problemas, afinal, estão na raiz das razões para que eles deixassem o país.

    O que me incomoda um tanto são as críticas ligeiras, levianas, feitas sem reflexão. Mas mesmo essas são comuns em todas as culturas. Então, os brasileiros que agem assim, premidos pela imaturidade emocional, não são, nesse sentido, únicos. Apenas repetem o padrão comportamental da espécie. :)

    Para usar uma analogia bem brasileira, os que agem assim o fazem como se tivessem trocado de time. Passam, então, a obedecer ao estímulo emocional da rivalidade e a defender as cores da nova camisa.

    O que não é legal é o preconceito. :)
     
  12. NitrousOxide

    NitrousOxide New Member

    Jul 31, 2004
    Serravale San Marino
    Re: “Ex-brasileiros?”

    Tambem acho muito interessante a discussao.Existem realmente esses brasileiros que repudiam a patria, specialmente entre Os "Americanizados", mais creio que boa parte disso seja tambem um repudio ao que eles eram no brasil ou da condicao de vida que tinham la. Porque na sua grande maioria sao pessoas de baixo nivel que trabalharam em empregos assalariados na epoca antes de imigrar. Os mesmos empregos que tem nos EUA, soh que como ganham bem mais e a condicao de vida eh melhor, eles se sentem numa posicao de esnobar. Coisa que nunca puderam fazer no Brasil.

    Minha Tia trabalhou em Los Angeles no Consulado por 5 anos e ela sempre me contava das pecas que apareciam.O que mais irritava ela eram os que chegavam no guiche falando bem alto, "Eu sou americana" como se quisesse contar vantagem com os outros brasileiros na fila. E mostrava o passaporte Americano. Minha tia que nao tem muita paciencia com esses tipos jah cortava logo, " Entao vc esta na fila errada, fila de extrangeiro eh a outra, proximo". Logo logo eles baixam a voz e falavam, mais eu sou brasileiro tambem e tiravam o passaporte da bolsa. As vezes fico sem saber o que passa na cabeca de pessoas assim mas sempre achei graca desse tipo que soh lembra que eh brasileiro na hora do Futebol.

    Agora obviamente nao sao todos os imigrantes que pensam assim, um exemplo disso posso dizer que eh meu proprio pai. Meu pai saiu do Brasil com 20 anos pra morar na Italia com o avo. Boa parte de sua familia era italiana e ele tinha o passaporte Italiano tambem soh que nunca se considerou Italiano. Tanto que eu nasci na Italia, de mae Italiana mais ele me criou como Brasileiro. Soh falava comigo em portugues e sempre me levava nas ferias escolares pro Brasil e specialmente pra assistir alguma partida no maracana.
     
  13. Century's Best

    Century's Best Member+

    Jul 29, 2003
    USA
    Em pelos menos alguns casos, o que você diz é verdade. Parece até uma certa “desforra” ou “vingança.” Alguém disse antes que apenas fora do Brasil, alguns brasileiros chegam a ser tratados como gente. Por isso, é como se fosse uma mágoa que eles descontam uma vez que chegam a ter uma posição privilegiada.

    Quem for para Newark, em New Jersey, verá muitos brasileiros, e (realmente não quero ser arrogante por dizer isto, mas é minha honesta opinião) muitos deles parecem ter origens humildes no Brasil. Comparando-se com profissionais que já conheci aqui (os tais “expatriates,” que estão aqui estritamente porque suas empresas os transferiram… investment bankers, etc), eles parecem apenas ter conseguido algo tangível nos EUA. Os “profissionais” nunca demonstram esse tipo de comportamento e são aberta e orgulhosamente brasileiros.

    Vi isto pela primeira vez na minha vida aos 17 anos. Fui ao consulado para renovar o meu passaporte brasileiro, aquele que havia sido o primeiro que já tive. Afinal, vi uma mulher com 30 anos e pouco. Era induvidavelmente brasileira; dava pra ver no rosto e no jeito. Ela ficou exaltada e gritou com os funcionários do consulado – em inglês. Com um sotaque forte, disse, “I came here from far away and waited one hour and it’s not ready?”

    Na hora achei estranho.

    Mas mais tarde, e acho que isto tem a ver com o que eu disse sobre desforra, talvez aquela mulher tenha se comportado assim porque sentiu que outros brasileiros lhe tratam pior se você é brasileiro. Se você é americano, o tratamento é melhor.

    Não sei se já comentei aqui, mas uma vez, meu irmão ficou com raiva porque ligou para o consulado e foram “grossos” com ele. Ele já não fala português muito bem. Eu mandei um email em português reclamando forte mas educadamente sobre esse comportamento. Um dia depois recebi um email formal do consulado dizendo que eles fazem o que podem para tratar todos com cortesia.

    Acho que a raiva do meu irmão veio de uma diferença cultural. Os americanos geralmente não usam tons de voz grossos a não ser que fiquem putos mesmo (no telephone, quero dizer.). Já brasileiros às vezes falam de uma maneira meio áspera; mesmo que não queiram ser mal-educados, pode aparecer assim.

    Voltando ao tema de ser “melhor”… Eu morei alguns anos no Brasil após acabar a faculdade e já, claro, falava inglês fluentemente, mas não dizia a novos amigos que havia vindo dos EUA. Alguns não acharam nada demais e me trataram muitíssimo bem como qualquer outro. Mas também senti uma certa frieza que mais tarde entendi ser inveja e ressentimento.

    Como disse o neovox, parece mesmo que muitos brasileiros que depois não querem ser brasileiros são aqueles que acabam nos EUA. Mas eu não tenho como provar ou desprovar que brasileiros que vão para países igualmente avançados, como o Canadá ou a Austrália, são ou não são assim. E concordo com ele que as críticas não podem ser feito como se fossem piadas.

    Acho que os “americanizados” não sempre tem a intenção de repudiar a pátria, mas sentem-se frustrados quando, após tempos no exterior, voltam ao Brasil e vêem os problemas de antes que talvez tenham sido parte do motivo que levou-os a sair – acho essa tese mais realista ainda se o novo país não tem esses problemas.

    Em fim, como toda imigração, as novas gerações se assimilam. Os brasileiros em New Jersey e em Massachusetts aos poucos se assimilam, e as peladas do fim de semana que ainda são parte do cotidiano brasileiro chegam a ser menos freqüentes nos EUA. Vários fatores afetam a assimilação e a preservação da cultura/identidade natal; entre eles, a idade quando um chega no exterior; quantos brasileiros há ao redor; e até, eu acho, o clima. Acho mais fácil preservar uma identidade brasileira em Miami (com aquelas praias, clima quente, e outros latinos ao redor) do que nas terras frias da Nova Inglaterra (New England).

    Eu, por fim, digo isso… estou com saudade do Brasil e adoraria uma viagem um dia desses. :)
     

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